Mestre Luiz Paixão, na Fundação Progresso – RJ
MESTRE LUIZ PAIXÃO
Mestre Rabequeiro
O mestre popular é o agente da vida no repasse dos saberes e fazeres necessários à continuidade da nossa cultura.
Dos canaviais pernambucanos, com destaque os da mata norte, brotam homens que transformam suas ásperas e difíceis vidas em poesia sonora, oral ou visual.
Podemos assim, apresentar o Mestre Luiz Paixão como exemplo destes homens.
Nascido no engenho Palmeira, em Aliança, neto, sobrinho e primo de ilustres rabequeiros, iniciou seu aprendizado aos 8 anos, tirando de um e de outro a rabeca escondido pra tocar. Ao mesmo tempo, começava sua vida de camponês. Esta proximidade promoveu uma convivência mais intensa com os mestres, também camponeses. Mas, foi seu avô Manoel Alves, que o ensinou as escalas e os movimentos.
Aos 13 anos iniciou sua trajetória musical e aos 15 assume a rabeca do banco de cavalo marinho do lendário Mestre Batista, bem como o forró e o coco das noites de festa, nos engenhos da mata de Pernambuco e Paraíba.
Cavalo-Marinho Mestre Batista Jorge, Biu Roque, Sidrak, Mina e Luiz Paixão
Seu estilo único, vigoroso, sonoridade ímpar e cristalina, preenchida e executada com três dedos (uma acidente, ainda jovem, imobilizou seu dedo midinho esquerdo), graduou o Mestre Paixão, rapidamente, dos canaviais para um dos mais importantes rabequeiros do Brasil.
Mestrou para vários músicos locais e internacionais: Siba, Maciel Salu, Renata Rosa, Nicolas Krassic, entre outros.
Na sua trajetória, Seu Luiz já participou do Encontro da Rabeca, Violino e Orocongo no Sesc Ipiranga em São Paulo, em 1998, a convite de Antonio Nóbrega. Também à convite do Etnomusicologo da Columbia University (NY), Jonh Murphy, participou do Congresso de Etnomusicologia, na Florida, em fevereiro de 1999, representando a rabeca no Brasil.
A partir de então, vem tomando parte em inúmeros projetos: Musica do Brasil – Mapeamento musical da Editora Abril realizado em 1999 – onde representa a rabeca da tradição do cavalo marinho; Mapas Urbanos, ao lado de Siba – documentário da TV Cultura de São Paulo sobre Recife e Arredores, em 1999; Encontro dos Rabequeiros (promovido pelo CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil – em suas edições no Rio de Janeiro e em São Paulo), em 2002; além de transitar também pelo universo da música instrumental, com destaque para a sua colaboração junto ao violinista francês Nicolas Krassic.
De 2001 a 2007, Seu Luiz Paixão tornou-se um dos principais integrantes do grupo de Renata Rosa, cantora, compositora e rabequeira, formada pelas mãos do mestre. O primeiro cd deste projeto, Zunido da Mata, amplamente premiado internacionalmente (recebeu o prêmio Choc de l’Anné da publicação Le Monde de la Musique, entre outros) e mais recentemente o seu trabalho solo Pimenta com Pitú tem lhe levado a importantes palcos e festivais internacionais.
Projeto Pixinguinha 2008 – Luiz Paixão e Monica Salmaso
Dentre eles, os de maior destaque:
- Festival Chateau D’Eaux – Chateau D’Eaux (Suíça) 2003;
- Festival Chateauroux – Chateauroux (França) 2003;
- New Tempodrom – Berlim (Alemanha) 2003;
- Suoni del Mondo – Riva del Garda (Italia) 2003;
- 100 anos do Museu de Etnografia – Nechatel (Suíça) 2004;
- Festival “Femmes du Monde” – Paris (França) 2004;
- Dunya Festival – Roterdam (Holanda) 2004;
- Festival ” Couleurs Latines” – Salbri (França) 2004;
- Festival St Pee sur Nivelle- Bayone (França) 2004;
- Espace Senghor – Bruxelas (Bélgica) 2004;
- Festival de Música Étnica L’alhambra – Genebra (Suíça) 2004;
- Concierto Mujer.es – Ilhas Canárias (Espanha) 2005;
- Festival Ile de France – Paris (França) 2005;
- Festival Porto Latino – Córsega (França) 2005;
- Pohoda Festival – (Eslováquia) 2005;
- Stimmen Festival – (Suíça) 2005;
- Etnofestival – (San Marino) 2005;
- Festival Rio Loco – Toulouse (França) 2005;
- Flagey- Radio Nacional de Bruxelas – (Bélgica) 2006;
- Maison Folie de Moulan – Lille (França) 2006;
- Zuiderpershuis – Antuérpia (Bélgica) 2006;
- Koninklijk Instituut voor de Tropen – Amsterdam (Holanda) 2006;
- De Doelen Rotterdam (Holanda) 2006;
- RASA – Utrecht (Holanda) 2006;
- Festa da Lavadeira, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008;
- Carnaval e São João do Recife, 2006 a 2009;
- São João de Arcoverde 2007;
- Carnaval Olinda, 2009;
- III Aldeia do Velho Chico, SESC Petrolina, agosto 2007;
- Ciclo Natalino -2006, 2007, – Prefeitura do Recife;
- Ciclo Natalino – 2007, 2008, 2009, 2010 ;
- II Febraarte, Centro de Conveções, novembro 2007;
- Projeto Pixinguinha 2007, FUNARTE (janeiro 2008);
- Itaú Cultural, Projeto Rumos da Música Mapeamento 2007/2009;
- Residência Artística 2009, Funarte, Ponto de Cultura Lia de Itamaracá;
- Mestre Griô, MINC, 2009/2010;
- MIMO, participação show do violinista Didier Lokwood, 2009;
- Residência Artística no Ponto de Cultura Alto da Mina – Tiago Amorim, FUNARTE, 2010
- II Conferência Nacional de Cultura – Brasília, março de 2010;
- Interações Estéticas Etapa Recife – UFPE, outubro 2010;
- Conexão Felipe Camarão, Natal, RN, Novembro 2010;
- Projeto Brasilidade na Rua, Rio de Janeiro, Dezembro de 2010, participação show Carlos Malta.
Seu Luis Paixão, que sempre transitou pelo universo da música da Zona da Mata Norte, agora expande o conhecimento da rabeca em seu ambiente caloroso da música popular de rua para além de suas fronteiras tradicionais.
Pimenta com Pitu – O CD
Em Pimenta com Pitu Seu Luis Paixão explora as possibilidades da rabeca dentro do forró, do cavalo marinho e do coco de roda, unindo-se a um time com quem tem um elo comum dentro dessas tradições: Biu Roque e Sidrak, parceiros de décadas no cavalo marinho e músicos de coco de roda; Mina e Dó, jovens músicos dos forrós da Mata Norte e Maíca, filha de Biu Roque e integrante do Banco do Cavalo-Marinho. Pimenta com Pitú foi produzido pela cantora e rabequeira Renata Rosa, lançado no mercado europeu no ano de 2005 pelo selo franco-brasileiro Outro Brasil, esgotando-se rapidamente. Em 2005 recebeu patrocínio do Banco do Nordeste e Funcultura para reproduzir seu CD.
Depoimentos
FOTO: Emiliano Dantas
” (…) Sua expressividade e técnica próprias são assombrosas!”
Antonio Carlos Nóbrega, 2002
” (…) A Música dele me fez mudar toda a minha concepção de música (…) ”
Siba, 1998
” (…) A referência. Sua forma forte e precisa evoca o calor das festas, dos canaviais.”
Revista Mondomix – França,2005
“ (…) Forma única de tocar, a rabeca em sua maestria ! ”
Prof Agostinho Lima, pesquisador da Rabeca no Brasil do Deptº de Musica da UFPB, no Encontro Internacional da Associação de Etnomusicologia, 2002
DISCOGRAFIA:
MESTRE LUIZ PAIXÃO – A ARTE DA RABECA / 2013-2014, FUNCULTURA
PIMENTA COM PITU – Seu Luis Paixão / 2005
CAVALO MARINHO – Musique du Monde – Buda Music/ 2003
MUSICA DOS RABEQUEIROS – Compilação / 2003;
ZUNIDO DA MATA – Renata Rosa / 2002;
PARTICIPACOES ESPECIAIS:
MESTRE AMBROSIO – Mestre Ambrosio / 1996.
FUA NA CASA DE CABRAL – Mestre Ambrosio / 1999;
ABOIANDO A VACA MECANICA – Lula Queiroga / 2002;
CAÇUÁ – Nicolas Krassik, 2006;
SEGUNDO CD de Renata Rosa, 2008;
SEGUNDO CD de Lia de Itamaracá, 2008;
PRIMEIRO CD de Cláudio Rabeca, 2009;
PRIMEIRO CD de Biu Roque, 2009;
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA DO GRUPO GRIAL,Funarte, Maria Paula Costa Rego, Recife, Minas Gerais e Brasília, 2010 E 2012 SESC – Palco Giratório, 55 cidades do Brasil.
Foi selecionado ao patrocínio Funarte, para circulação no Projeto Pixinguinha 2007, onde fez 07 shows com a cantora Mônica Salmaso, em janeiro de 2008, e no Projeto Itáu Cultural 2007/2009, onde fez shows e gravações de DVD e programas de TV e rádios.
Participa atividamente pela permanência dos cavalos-marinhos e dos bois, provocando encontros e articulando mais espaços para estes brincantes apresentarem-se. Com especial destaque ao Boi do Mestre Biu Roque – Boi Brasileiro, cuja proposta foi aprovada pela FUNARTE, através do Prêmio Interações Estéticas e Residências Artísticas em Pontos de Cultura, que realizou no Ponto de Cultura Lia de Itamaracá, de março até maio de 2009.
Atualmente é mestre do Projeto Conexão Felipe Camarão, bairro da periferia de Natal, no Rio Grande do Norte, na tradição da rabeca de cavalo-marinho, reisado e forró e está produzindo o seu 2º CD – Forró Diferente, que contará com participações como Siba Velozo, Hugo Lins, DJ Dolores, entre outros.
Luiz Paixão ou Luiz Alves Ferreira é um exemplo de homem que consegue, como autêntico mestre, elaborar com sua rabeca a forma gostosa de expressar a vida e da vida se expressar.
Mimo 2010, participação Show Didier Lookwood
Premio Funarte Interações Estéticas 2012/2013
Prêmio Funarte Interações Estéticas 2008/2009
Cavalo-Marinho Boi Brasileiro – terreiro do Mestre Luiz Paixão – Condado/PE
Matéria sobre lançamento 2º CD solo
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